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terça-feira, 19 de março de 2013

Capital Boémia

Praga é uma magnifica capital europeia, repleta de história e que nos transporta numa viagem no tempo. A Capital da Boémia é um museu ao ar livre com inúmeros pormenores por descobrir e de uma riqueza arquitetónica espantosa e extremamente bem conservada.

Praga é uma cidade muito bem "arrumada, dividida em cinco grandes áreas que contam cada uma a sua estória, compondo, todas juntas, a história de vida desta atribulada capital: o Castelo, o Bairro de Malá Strana (ou Bairro Pequeno), a Cidade Velha, a Cidade Nova e Josefov, o antigo gueto judeu.





À chegada a Praga reencaminham-nos quase de imediato os passos para a Ponte Carlos. Esta magnifica ponte é conhecida pelas suas 30 estátuas de santos e figuras religiosas situadas em ambos os lados (todas elas réplicas das obras originais que estão expostas no Museu Nacional). A Ponte Carlos é a memória de mais de 600 anos de guerras, procissões e execuções e ao longo de 400 anos foi a única ligação entre as duas margens do Moldava. Passar a mão no relevo de bronze da estátua S. João Nepomuceno é uma tradição de boa sorte (a mesma que faltou ao santo quando foi lançado ao rio).


 




Da ponte seguimos a direito e sempre em frente, entrando direto no coração de Praga, a Cidade Velha. Quando entramos na sua praça ficamos literalmente sem fôlego...e a nossa atenção é atraída em todas as direções. Desde o Relógio Astronómico na Torre da Câmara, à parede da Casa dos Minutos, à Igreja da Nossa Sra. de Tyn, à Igreja de S. Nicolau, à  estátua de Jan Hus, ao palácio Golz-Kinsky,à  animação de cafés, esplanadas e artistas de rua (no Natal esta animação duplica com o típico mercado de Natal que aqui se instala...é delicioso). A Igreja de Nossa Sra de Tyn  com as suas duas Torres góticas que se erguem acima dos telhados, é um dos mais emblemáticos símbolos desta Praça, rivalizando atenções com o Relógio Astronómico, que de hora a hora exibe ‘A Caminhada dos Apóstolos’, onde a grande protagonista é a figura da Morte que faz tocar um sino de forma altamente fatalista. 

Todos os caminhos vão dar a esta praça que não nos cansamos de visitar, uma e outra e outra vez.










Vamos agora subir ao Monte Petrin mas primeiro fazemos uma paragem no café Savoy para um robusto pequeno almoço, vale a pena quer pela deliciosa refeição, quer pela beleza imperial do café.






A subida ao monte é feita num rústico funicular e lá em cima sentimos o friozinho gelado da altura (318 m acima da cidade) mas não ficamos indiferentes às vistas, sobretudo a que nos permite visualizar à distância o castelo de Praga. Passear por Petrin é uma experiência deliciosa...deambular pelas ruas, subir e descer pelos mais diversos caminhos, observar a natureza gelada, descobrir os seus tesouros. Aqui em cima é possível visitar a Torre de Observação (uma pseuda-réplica da Torre Eiffel), o Mosteiro Strahov, o Muro da Fome, a Igreja de S. Lourenço e o Roseiral.










Atravessado o monte dirigimo-nos agora para o Castelo de Praga, uma imponente estrutura que pode ser contemplada à distancia até num cinzento e enevoado dia de inverno. O Castelo encontra-se na Colina Hradcany, local onde foi fundada a cidade. Ocupa uma área superior a 72,5 mil m² e é considerado pelo Guinness World Records Book, o maior castelo do mundo.




No seu complexo encontram-se a espetacular catedral gótica de S. Vito, cujas flechas se erguem orgulhosamente em direção ao céu, o Antigo Palácio Real, a Basílica e o Convento de S. Jorge. Neste complexo é ainda possível visitar a Torre da Pólvora, a Torre Dalibor, o Palácio Lobkowicz e a Viela Dourada. Antes de abandonar o castelo aconselho uma visita mais atenta à catedral, os bonitos vitrais e as gárgulas assim o justificam.





 



 Deixando o castelo para trás seguimos em direção ao Loreto, o santuário barroco da Virgem Maria que alberga um imenso tesouro e um ostensório de Diamantes. Esta igreja é famosa não só por guardar uma replica da Santa Casa original em Loreto, Itália, casa onde supostamente a Virgem Maria foi visitada pelo Anjo Gabriel, como pelo seu carrilhão, com 30 sinos que entoam um antigo hino dedicado à Virgem.





Seguimos agora para o Bairro Pequeno onde vamos visitar a imponente igreja de S. Nicolau e a Igreja de Nossa Sra. Vitoriosa, ou Igreja do Menino Jesus de Praga. Para os que não acham tanta piada à visita a igrejas (para quem não gosta, ver uma é ver todas),  podem em Malá Strana deambular pelas ruas sinuosas e percorrer os diversos parques que esta zona de Praga oferece. Em Mála Strana é também possível visitar o Mural de John Lennon, um mural totalmente graffitado em homenagem ao ex-Beatle, e descobrir a Ponte dos cadeados.


Igreja de S. Nicolau

Igreja de Nossa Sra. Vitoriosa






Atravessamos novamente o rio Moldava pela Ponte D. Carlos e seguimos agora para a Cidade Nova, mais concretamente para a Praça Venceslau. Esta ampla praça está rodeada de edifícios do inicio do século XX e dos mais variados estilos artísticos (Art Nouveaux, Art Deco ou Cubistas). O Palác Koruma, o hotel Evropa ou Palác Lucerna são alguns dos exemplos que que expressam um pouco da história mais recente da cidade. Ao subir a rua contemplamos ao fundo a estátua do santo que lhe deu nome e o imponente Museu Nacional, que domina toda a praça de Venceslau e é um símbolo da cultura e da nação checa. Em A 1968, após a Primavera de Praga (movimento de protesto contra o regime comunista), a sua fachada foi danificada pelos tiros dos tanques das unidades do Pacto de Varsóvia.






Guardei para o fim a zona de Praga que mais me impressionou de uma forma que ainda hoje não sei explicar...o Bairro Josefov. Foi neste bairro que, confinados entre os seus muros, os judeus de praga foram obrigados a viver por décadas e décadas, chegando a atingir a população de mais de 180 mil pessoas.

Começamos o nosso percurso pelo Bairro Josefov, pela visita à Sinagoga Pinkas, na qual se localiza o “Memorial 77.297″, uma emocionante homenagem com o nome das 80000 vitimas checas e moravias do Holocausto. A viagem prossegue pelo antigo cemitério judaico que confesso me deixou um travo amargo que não soube bem explicar. A visão de centenas de campas empilhadas umas por cima das outras, por falta de espaço onde sepultar os seus mortos, é impressionante e testemunha o tratamento que foi dado aos judeus durante décadas. O cemitério é um memorial à comunidade judaica que viveu neste bairro mas é também a prova viva do sentimento mais vil que a raça humana consegue produzir....a discriminação racial e religiosa.





Tentando arrumar a história e as imagens negras que temos na nossa mente, fruto de anos de filmes, relatos e documentários sobre a II Guerra Mundial, prosseguimos a visita ao Josefov e às restantes Sinagogas que este bairro abriga. A fachada da câmara municipal, com o seu relógio rococó cujos ponteiros rodam ao contrário, as decorações opulentas da Sinagoga Espanhola e o estilo renascentista da alta sinagoga, exigem também um olhar atento, quer pela sua beleza, quer por tudo aquilo que representam.





Apesar das memórias menos felizes, Josefov renasceu das cinzas da sua trágica historia e alberga agora algumas das mais luxuosas lojas do mundo, tendo dado origem a um bairro de classe alta  que vai desembocar orgulhosamente na Praça da Cidade Velha.





A nossa passagem por Praga deixou uma imensa vontade de lá voltar, com mais calma e com menos frio (talvez na Primavera quando estiver toda florida e cheia de cor). Praga deixa-nos absolutamente envolvidos pela sua personalidade e pelas sua história presente em cada passo que damos, em cada ruela que percorremos, em cada local que visitamos. É uma grande cidade que tem sabido preservar a sua herança e manter vivo o seu passado atribulado que, apesar de tudo, lhe dá personalidade e alma, uma alma mágica que nos atrai e nos prende nos seus encantos.

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